sexta-feira, 23 de maio de 2008

Esqueceram a Lagosta...


Essa fonte não está localizada em nenhuma praça na Europa, acredite é nossa, é Paulistana, situada em uma das avenidas mais conhecidas de São Paulo: a São João, na Praça Júlio Mesquita. A Fonte Monumental é obra de uma das escultoras mais renomadas do séulo XX, Nicolina Vaz de Assis, uma artista que enfrentou preconceitos de um universo artístico predominantemente masculino onde uma obra realizada por mãos femininas era apenas uma obra e não "a obra". Essa fonte foi inagurada em 1927, em estilo "art nouveau" e esculpida em mármore de Carrara que se tornou símbolo de entrada ao bairro de Campos Elísios, local de moradia dos barões de café. Com o decorrer dos anos o cenário urbano do local se modifica e a Fonte também. Ela não jorra mais água, o pescador silenciou, suas lagostas "fugiram". Mas ela ainda continua imponente na Praça pede para ser vista, pede para ser cuidada. Esse caso, ou descaso, chamou atenção do nosso Adoniram Barbosa quando escreveu, em 1970 a música "Roubaram a Lagosta":

Na Praça Júlio Mesquita
tem estátua de Lagosta
quem passa de longe enxerga
quem passa de perto gosta

E a Lagosta de bronze
fica esperando bom dia
mas tem gente distraída
que nem para ela espia

Por uma razão muito forte
ela em bronze foi lembrada
inauguração na praça
uma fita foi cortada

Teve discurso, foguetes
teve churrasco e bebidas
teve mágicos e palhaço,
futebol, flerte e corrida

Mas isso ficou pra trás
não sei que forma que tinha
essas coisas não se faz
agulha não vai sem linha

Deixe a Lagosta em paz
muito bom ficar sozinha
mas é melhor ficar seca ou molhada
do que ser derretida ou roubada.